24 de fevereiro de 2010

Programação TEIA MG

TEIA MG
I Conferência Livre de Comunicação para Cultura e
 IV Fórum Regional dos Pontos de Cultura de Minas Gerais.

Local: Espaço Cento e Quatro - Praça Rui Barbosa, s/n, Centro - Belo Horizonte.
Data: 26, 27 e 28 de Fevereiro de 2010.

Programação:

26/02/2010 (Sexta-feira)

19:00 - Abertura Oficial
20:00 - Apresentação do vídeo com informações de todos os Pontos de Cultura de Minas Gerais. Responsável: Fábrica do Futuro.
20:30 - Apresentação artística - Ponto de Leitura Jornal Aldrava.

27/02/2010 (Sábado)
  
08:30 às 9:00 – Recebimento dos gestores culturais dos Pontos de Cultura e fala de abertura para os trabalhos do dia.
09:00 às 12:00 – Mesa Redonda/ Debate
  Vereador Arnaldo Godoy: Políticas Públicas Culturais
  Adriano Guerra Oficina de Imagens: Controle Social de Políticas Públicas
11:00 - Café e divisão dos Pontos de Cultura por Região Geográfica.
13:00 - Almoço.
15:00 - Divisão do Pontos de Cultura por setores da cultura (teatro, artesanato, audiovisual, formação, etc).
17:00 - Intervalo – Café.
18:00 - Informes Gerais: cursos, capacitação do MINC e da SEC, convênios, eventos.
18:30 - Encerramento/ Atração Artística - Grupo Panela de Expressão.

28/02/2010 – (Domingo)

10:00 - Composição da plenária do Fórum Regional de Pontos de Cultura. Início dos trabalhos.
12:30 - Almoço.
14:30 - Retomada dos trabalhos da plenária para aprovação de temas e pautas e propostas para a Teia Nacional; Eleição da nova Comissão Estadual de Pontos de Cultura e eleição de grupo de produção para a Teia Regional 2010.
17:00 - Café.
18:00 - Encerramento.

1 de fevereiro de 2010

Curso de Teatro 2010. Inscrições abertas!

Trata-se de um curso de INICIAÇÃO TEATRAL. O participante entra em contato com conceitos básicos em teatro, ao praticar a noção e o reconhecimento do corpo, dos movimentos e do espaço, técnicas vocais, ritmo, improvisação, criação teatral a partir dos jogos praticados. São trabalhadas também noções teóricas, por meio da história do teatro e de textos diversos. Além das aulas, fazem parte do curso oficinas teatrais de aperfeiçoamento.
O projeto é gratuito e acontece de março a dezembro de 2010. 

Público-alvo
Interessados a partir de 14 anos.  

Vagas disponíveis:
30.

Inscrições

01 de fevereiro a 05 de março de 2010 (das 09h00 às 17h00).

Confira todas as informações em: www.instituto14bis.org.br/cteatro.htm

A jogada real

Laise Vieira

A brincadeira, ludus, o jogo, o teatro. Homens jogadores, jogadas a todo instante, processos contínuos, crianças no faz-de-conta e adultos mascarados. Eis o espetáculo!

Começamos a observar, a partir dessas palavras, os primórdios do teatro, em relação ao jogo. Segundo Huizinga, este “é o fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe sempre a sociedade humana; mas, os animais não esperaram que os homens se iniciassem na atividade lúdica.” A partir de estudos sobre o caráter e a essência do jogo, chegou-se às suas características fundamentais e formais. Dentre elas, mencionamos a liberdade, a evasão da vida real (seria mesmo apenas uma evasão?), o seu desinteresse, ou seja, como uma espécie de intervalo do cotidiano e a sua limitação espacial. No que respeita a essas particularidades, que é o teatro senão um jogo? Nele, os sujeitos têm a liberdade de criação e expressão, além de representarem atitudes que podem tanto negar quanto afirmar o período em que vivem. Além disso, na arte dramática, um dos fatores principais para a sua realização é o presente momento, que consiste em uma encenação em um determinado espaço.

Com base na relação que se estabelece entre o ser humano e o jogo, as teorias podem ser evidenciadas também nas práticas. A mais recente refere-se ao curso de teatro realizado com os adolescentes, nos municípios de São Sebastião do Paraíso e Guaxupé. Nesta turma, em específico, em uma aula que envolveu a questão “Por que ir ao teatro?”, um silêncio se instalou, no primeiro momento. Depois o fato: aqueles jovens que estavam ali, aproveitando as aulas e as oficinas, nunca antes haviam assistido a uma peça teatral. Poucos tinham referências de teatro apenas por meio de encenações produzidas por eles mesmos ou pelos colegas, em salas de aulas ou igrejas, com função informativa. Independentemente do referencial que eles traziam, ou não, consigo, o que percebemos é que tanto o desejo de alguns por continuarem a se envolver com a arte cênica, quanto até mesmo a representação estereotipada de outros, podiam estar associados com o termo utilizado frequentemente por Boal: espect-ator.

Assim, ficamos com a citação de Joana Lopes “somos todos atuantes, alguns serão atores de profissão”, certos de que o jogo está em andamento.

Pré-escola obrigatória? Isso é bom?

Cristina Lúcia Calicchio Gonçalves Cruvinel*

Em setembro último o Fundo das Nações Unidas para a Infância -UNICEF – realizou uma reunião em Buenos Aires na qual o Brasil foi cobrado a ampliar o nível de escolaridade obrigatória para o Ensino Médio, fato que já ocorre na Argentina e no Chile. Hoje apenas o Ensino Fundamental, destinado às crianças de seis a quatorze anos, tem caráter obrigatório no país.

Em função de tal cobrança travou-se uma discussão interna, até que o Ministério da Educação encaminhou, na última semana de outubro, uma proposta de emenda constitucional ao Presidente Lula. Nela o Ministro Fernando Haddad propõe estender a obrigatoriedade não só para o Ensino Médio, mas também para a pré-escola, nível de ensino anterior ao Ensino Fundamental. Se a medida for aprovada o ensino obrigatório brasileiro passará a atender crianças e jovens entre quatro e dezessete anos de idade.

Obrigatoriedade de ensino significa que o Estado tem o dever de oferecer gratuitamente a vaga e a família tem o dever de matricular e zelar pela freqüência à escola, garantindo assim o direito constitucional à educação de crianças e jovens.

A Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional de 1996 já acenava para extensão da obrigatoriedade do Ensino Médio em seu artigo 4º, inciso II. A novidade da proposta encaminhada ao executivo diz respeito à ampliação da escolaridade desde a pré-escola. Tal medida parece louvável, mas merece uma ampla discussão, não só com relação ao prazo de transição (cinco ou seis anos) como também com relação aos envolvidos. Além dos Secretários de Educação Estaduais e Municipais como propõe o Ministro, é preciso escutar os profissionais que atuam na educação infantil, os pesquisadores, os estudiosos e os Conselhos que têm como foco de atuação a proteção à criança e o adolescente.

Corre-se o risco de ampliarmos o atendimento em pré-escolas sem estabelecermos padrões mínimos de qualidade fixados em leis, o que fará com que cada município se organize como bem entender seus governantes. Outra preocupação é que a obrigatoriedade do município em atender a pré-escola poderá se tornar uma “desculpa verdadeira” para a não ampliação de vagas para a creche, alimentando a distância que já existe entre a creche, entendida como de caráter assistencial, e a pré-escola aceita como educacional.

É possível que um novo cenário se estabeleça, pois temos em vigor um novo fundo para a Educação Básica – FUNDEB, que prevê financiamento público desde a creche até o Ensino Médio. O que devemos ficar atentos é para que não haja privilégio de um nível sobre o outro, fragilizando ainda mais o atendimento das crianças de zero a seis anos no país.

* Pedagoga, Professora no UNIFEG, Diretora do Centro de Educação Básica Infância no SESI, especialista em Coordenação/Supervisão Pedagógica pela PUC-MG e mestranda em Educação pelo LaPplane (Laboratório de Política Pública e Planejamento Educacional) – UNICAMP.


Cineclube não é clube

Rodrigo C. Salgado

Ao longo do tempo e do uso, muitas palavras perdem seu sentido original. Hoje em dia, quando falamos em “clube” nos vem uma noção de algo elitizado, seja do ponto de vista econômico, social ou cultural. Mas, no começo do século passado, por exemplo, “clube” significou quase o contrário, e dizia respeito a alguma forma de associação democrática, como as associações de imigrantes que buscavam condições de entretenimento, que a parcela dominante provavelmente não lhes permitia. Este seria um primeiro ponto a ser esclarecido porque, atualmente, falar em cineclube pode dar uma idéia de “panelinha”. Nada mais equivocado. Curiosamente, a história do cineclube é quase tão antiga quanto à própria história do cinema, o que justifica o termo, se entendido no contexto em que surgiu. Cineclube, então, deve ser entendido no seu amplo sentido, de acesso democrático aos meios audiovisuais, orientando-se a algum objetivo. Desse modo, os cineclubes têm três regras gerais que os orientam:
  1. Eles não têm fins lucrativos.
  2. O cineclube tem uma estrutura democrática.
  3. O cineclube tem um compromisso cultural, ou ético.
As duas primeiras regras tornam os cineclubes muito parecidos, quase iguais: se são democráticos e sem fins lucrativos, as pessoas que assistem aos filmes não pagam por isso e, ao mesmo tempo, podem (e devem!) opinar sobre que filmes gostariam que fossem exibidos; podem inclusive sugerir filmes que elas mesmas tenham feito; e podem ser organizadas sessões de debate, antes ou depois das exibições.

A terceira regra, por outro lado, torna os cineclubes cada qual diferenciado dos demais, porque leva em conta as demandas da comunidade local. Cada cidade ou cada grupo de pessoas prefere assistir determinados tipos de filme, ou prefere discutir os filmes sob determinado ponto de vista. Portanto, as características locais variam, mas toda atividade cineclubista deveria ser orientada a um compromisso cultural e ético, ou seja, influenciar na cultura local, retratando-a ou transformando-a de alguma forma ao longo do tempo, além do esforço em se promover o pensamento crítico.

Existem cineclubes no Brasil todo, mas dois me chamam mais a atenção. Pela beleza da proposta, um deles é o projeto Acenda uma Vela, que ocorre em algumas cidades do litoral de Alagoas, em que filmes são projetados nas velas das jangadas dos pescadores, à noite na praia. Outro projeto cineclubista de forte caráter ideológico é o cineclube Falcatrua, projeto de extensão da Universidade Federal do Espírito Santo, em que se pratica o livre acesso a todo e qualquer filme, o que os tem levado a atritos com distribuidoras de filmes recém-lançados. Mas é exatamente isso que eles querem, uma luta ideológica pelo direito de todos ao cinema!

Dadas essas noções gerais sobre a coisa, resta falar o mais importante: que Guaxupé e São Sebastião do Paraíso nos últimos tempos estão com um cineclube nas mãos, por meio da iniciativa do Instituto 14 Bis de Educação e Cultura. E existe uma grande vantagem nesses dois casos, a meu ver: há uma estrutura pronta para exibição dos filmes. Enquanto muitos cineclubes têm de se desdobrar para conseguir um local, material de projeção e som, temos isso pronto, à disposição. É só usar com bom senso! Nessa exata medida, estão todos convidados, sempre!

A impossibilidade da arte e da educação

Adilson Ventura*

Sou professor, o que, de certa maneira, me coloca em umaposição de educador. E essa é uma das três profissões impossíveis, conforme disse Freud. Não que ela seja impossível de se realizar, mas sim no sentido de que não sabemos qual o “produto final” a que ela vai chegar. Isto porque não sabemos exatamente quais os efeitos que a educação fará no sujeito. Mas não há dúvida de que sempre causa efeitos...

Pensando sobre isto, acredito que a arte também ocupa esse tipo de espaço. ela também sempre causa efeitos, em quem produz e também em quem “consome”. Efeitos que fogem de toda e qualquer intenção inicial. Porém, tal qual a educação, a grande importância é que, ao causar efeitos, a arte abre várias possibilidades no sujeito. Sentimentos, sensações, explicações, atitudes, visões de mundo, dúvidas, etc. efeitos que, quase sempre, causam uma certa crise (não no sentido financeiro!) no sujeito. É essa crise (palavra carregada de sentido negativo), é boa ou ruim? É um momento de reflexão e, possivelmente, de ruptura, onde nada fica igual antes. Mas nunca poderemos saber o que modificará e nem como será esse “novo” sujeito.

Então o que podemos fazer é dar condições para que todos os indivíduos de nossa sociedade tenham acesso aos mais variados tipos de educação e arte, para que exista uma mudança em nossa sociedade, em que outras questões também, além da financeira, façam parte da vida de cada um.

*Professor da escola Interativa e Unifeg. Doutorando em Linguística pela Unicap e Poeta.